quarta-feira, 27 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte VI.

Hermenêutica Moderna (1800- até os tempos atuais)
Friedrich Shcleiermacher
Encerramos o artigo anterior afirmando o surgimento do “racionalismo” do século XIX, pois bem com isso passamos agora a discutir a hermenêutica deste século ou hermenêutica moderna. O racionalismo foi um grade influenciador da cultura, da arte, da musica em fim de toda a sociedade do século XIX. A teologia não escapou da sua influência. Mas como uma ciência que estuda o transcendente poderia ser matéria de estudo da razão? “O homem é irremediavelmente um animal religioso. Desde a antiguidade, Deus tem sido a principal preocupação do escrutínio humano. Sócrates, Aristóteles, Platão e todos os pensadores gregos importantes formularam teorias teológicas especulativas sobre Deus. A existência de Deus para esses homens era algo totalmente racional e necessário.” (Leonardo Gonçalves; Teologia Contemporânea, p.1). Era esse o pensamento dos filósofos e teólogos do século XIX, e percebemos que pensar sobre Deus não é algo somente para fanáticos abitolados pela religião.
A diferença da teodicêia¹ Socrática, Platônica e Aristotélica, o cristianismo como religião revelada, ou seja partimos da crença de que o que sabemos de Deus, não é mero esforço humano mas, uma atitude divina, os reformadores ensinavam que “a sabedoria e o conhecimento humano partia do próprio Deus”.
Até então todos compartilhavam da idéia de que os fatos narrados nas Escrituras eram fatos inspirados pelo próprio Deus, e que aconteceram na historia, ou seja, o cristianismo ortodoxo crê que o que está escrito são fatos que fizeram parte historia humana e estes fatos é a intervenção de Deus na historia. Isso até o século dezenove. Com o surgimento do racionalismo as idéias ortodoxas deveriam ser julgadas, ou seja, aquilo que a razão não explica-se não poderia ser aceito.
O racionalismo do século dezenove interfere na hermenêutica estabelecendo dois principais pressupostos:
1. A razão e não a revelação devia orientar nosso pensamento e ações;
2. Que a razão deveria considerar que parte da revelação era considerada aceitável (que chegaram a incluir somente aquelas partes sujeitas às leis naturais e à verificação).
O racionalismo filosófico lança bases para o chamado “Liberalismo Teológico”. Muitos estudiosos afirmam que o pai do Liberalismo Teológico é o filósofo Friedrich Schleiermacher (1768 – 1834), não quero me reter na sua biografia, mas ele desenvolve o pensamento de negação da inspiração das Escrituras, ou seja, a bíblia não tem caráter sobrenatural, esse princípio é a ancora do liberalismo, ele também afirma que a experiência individual vale mais do que a revelação escrita, pregava que Jesus só era filho de Deus porque muitos criam assim, mas ele era apenas um gênio religioso. Negava também a satisfação de Cristo pelos pecados da humanidade, pregava que a entrada no Reino de Deus era realizada, pela pratica da caridade e comunhão com as pessoas não pela fé.
O liberalismo foi se desenvolvendo e doutrinas importantes da fé cristã foi sendo negadas por está teologia como a crença nos milagres, o nascimento virginal de Cristo, a doutrina do inferno e ate mesmo a crença no Jesus Histórico. Isto implicou de forma severa na maneira em que as Escrituras eram vista.
Surgem novas correntes de interpretação bíblica que não considera a bíblia como um livro divinamente inspirado, mas, uma coleção de tradição que foram unidas ao longo dos séculos do cristianismo. A fé não se fundamenta mais na revelação.
O assunto por ser vasto continuaremos na próxima parte, apresentando a hermenêutica liberal e os principais teólogos do movimento.
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¹Teodicêia: parte da filosofia que pretende demonstrar racionalmente a existência e os atributos de Deus.      

                        

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