quinta-feira, 26 de maio de 2011

O dilema do pós-moderno.

Já é muito comum no meio acadêmico e social a idéia de que não existe verdade absoluta, pois bem esse é o conceito da sociedade pós-moderna, isso tem implicado de tão grande forma para a cultura do nosso país, que estamos assistindo as mudanças morais, éticas científicas e sociais que não levam mais em conta verdades que antes eram tidas como responsáveis pela conduta do ser humano.
A marca da pós-modernidade é essa negação de uma verdade universal. Os pós-modernos são desconfiados de qualquer tipo de forma racional e lógica. Eles especialmente não gostam de discutir a verdade em termos proporcionais claros, isso porque não gostam da clareza e inflexibilidade requerida para lidar com a verdade na forma proposicional, são flexíveis a qualquer tipo de “verdade” e aceitam de forma amigável qualquer tipo de posição que se afirme como verdadeira.
A forma mais simples de qualquer verdade é a proposição, o ponto de partida do pós-moderno é o seu desprezo por qualquer alegação a verdade. A verdade não é absoluta para o pós-moderno, pelo fato de que a verdade é relativa, ela se encontra em qualquer forma de pensamento, não existe uma negação a essa verdade, pois ela não é universal, mais plural e ela esta de conformidade com a cultura que se desenrola no decurso da historia.
John MacArthur Jr, em um artigo intitulado “A pós-modernidade e a Lógica”, com muita propriedade afirmou:
para manter a ambigüidade e a maleabilidade da “verdade” necessária para a perspectiva pós- moderna, proposições claras e definitivas devem ser rejeitadas como um meio de expressar a verdade...”  
Então para o pós-moderno a verdade está onde ela se apresente rejeitando toda preposição. Mas, entramos em um dilema aqui. A verdade sendo concebida pela pós-modernidade como plural, sem preposições, isso não seria já uma preposição formulada pelo seu pensamento? Não havendo verdade absoluta, isso já não seria uma verdade absoluta? Dizer que não existe verdade, não seria usar de preposição?
A preposição usada pela pós-modernidade é a idéia de uma negação de uma verdade universal (absoluta). Com certeza esse deve ser um dilema pra o pós-moderno, negar a sua negação. O que negar afinal de contas, que não existe verdade absoluta ou negar a verdade da negação da verdade?  Pense nisso.     
             

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sermão: Maravilhosa Graça – exposição de Efésios 2: 1-10.

Introdução.
1. A carta aos Efésios sem duvida é uma missiva que chamou a ainda chama a atenção de muitos estudiosos e cristãos que se dedicam a sua leitura. David Hale em sua Introdução ao N.T afirmou que “Se fosse realizada uma eleição para decidir qual seja a maior das cartas de Paulo, Romanos seria escolhida; mas, a Epistola aos Efésios seria uma segunda, muita próxima.” João Calvino dizia que ela era a sua favorita. Samuel Coleridge, um grande poeta e filosofo do século passado, chamou-a de a mais divina composição literária.  
2. Os primeiros capítulos da carta nos revelam o propósito eterno de Deus para com os seus Santos, a Igreja. Esse propósito foi executado na obra redentora de Cristo, e pela ação cotidiana do Espírito Santo na vida dos crentes (Ef 1. 1-23). Então, no capítulo 2 o apostolo nos mostra que esse propósito de reconciliar o ser humano com sigo foi possível mediante a sua graça leal e eterna (1. 1-10). Vejamos então o ensino de Paulo, sobre a graça que foi poderosa para nos reconciliar com Deus.
I. NOSSA CONDIÇÃO (v. 1-3).
i. Mortos (v. 1).
a) A expressão de Paulo não é uma figura de linguagem, mas o estado espiritual real daqueles que se encontram em estado de indiferença com Deus por causa do pecado, “o salário do pecado é a morte...” (Rm 6. 23a).
ii. Escravizados (v. 2-3a).
a) do “curso deste mundo” – o sistema corrompido pelo pecado nos prendia, com suas idéias e filosofias, o tipo de vida que o mundo exigia de nós, nós vivíamos.
b) “do príncipe da potestade do ar” -  Satanás que atua como “pai da mentira” conduzia-nos ao pecado cegando o nosso entendimento como Paulo diz em 2Co 4. 4; “os quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da gloria de Cristo, o qual é a imagem de Deus.”     
c) da “vontade da carne e dos pensamentos” – longe de Deus o que regia a minha vida era eu mesmo, e tudo que fazia não correspondia as exigências de Deus, para uma vida de santidade.
iii. Condenados (v. 3b).
a) A ira de Deus significa hostilidade pessoal, reta e constante de Deus contra o mal, a santidade de Deus condena o pecado.
II. O QUE DEUS FEZ?
i. Nos vivificou-nos, deu vida (v. 5).
a) antes mortos, agora vivos, pois Deus está presente na minha e na sua vida.
ii. Ressuscitou-nos (v. 6b). 
a) ressuscitamos juntamente com ele, para uma nova maneira de viver. Como Paulo diz; “Portanto, se fostes ressuscitado juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado a direita de Deus.” (Cl 3: 1). A seguir nesse texto o apostolo mostra para que morremos e para que vivemos (v. 5-17).
iii. Exaltou-nos, nos fez assentar nos lugares celestiais (v. 6b).
a) essa expressão de Paulo revela a nossa nova cidadania. Somos cidadãos do céu; “Pois nossa pátria está nos céus...” (Fl 3: 20a).
III. PORQUE DEUS FEZ ISSO?
i. Sua misericórdia (v. 4a).
ii. Seu amor (v. 4b).
iii. Sua Graça (v. 5,8).
vi. Sua bondade (v. 7).
IV. COMO DEUS FEZ ISSO?
i. Não de nós e por nossas obras (v. 8b-9).
ii. Mas pela graça, por meio da fé (v. 5).
Conclusão:
Podemos dividir este texto em três tempos: passado, presente e futuro.
1. No passado ele apresenta o que éramos.
2. No presente apresenta o que somos.
3. E no futuro apresenta o que seremos. No verso sete a igreja será a demonstração eterna graça de Deus, ou seja, o testemunho da manifestação de Deus e do seu poder.
A graça de Deus é leal e eterna para livrar qualquer individuo que se encontra em condição de indiferença com Deus, é poderosa para livrar da morte, escravidão e condenação do pecado e ainda fazer-te testemunha do poder de Deus.    


 
  
        

terça-feira, 17 de maio de 2011

O que me define: minha reputação ou meu caráter?

É uma pergunta que muitas vezes é feita na direção errada. Perguntamos quem somos para o outro, estamos tão preocupados com o que os outros enxergam em nós. Muitas vezes colocamos mascaras e nos escondemos por traz delas, escondemos a nossa realidade para correspondermos as exigências externas, ou sendo mais especifico queremos viver de aparências para satisfação do outro, mas qual é a nossa realidade? O que somos de verdade?
Queremos sempre ter reputação diante de todos, mas será que a nossa reputação corresponde ao nosso caráter? Será que nossa reputação não é apenas uma ilusão de palco, uma apresentação teatral que só nos trará pequenos momentos de aplausos, e só. Diante disso fica a questão, será que a nossa reputação define o nosso caráter? O caráter é na verdade o que define a nossa reputação. Mas, nem sempre a nossa reputação corresponde ao nosso caráter, essa é a verdade. Você pode ser conhecido como um bom orador, um bom político, um bom professor e etc. Mas o que isso tudo fala de quem você é de verdade, você pode ser um bom orador só para se destacar, e passar por cima dos outros, ou um bom político que na verdade usa a política para se auto beneficiar, ou um bom professor que na verdade, só tem conhecimento teórico, mas não tem interesse nenhum na vida moral e ética dos seus alunos. Então a reputação não passa de uma mascara.
Muitos homens acabam se frustrando na vida, pois não tem caráter e só procura usar a mascara da reputação, se perdem na quilo que quer, que os outros enxerguem. Acredito que quando os homens de caráter acabam em algum dia caindo eles conseguem se levantar, porque eles não perderam nada, só o equilíbrio. Mas, quando os homens de reputação caem, eles não conseguem se erguer, pois perderam as mascaras, todos passam agora a enxergá-lo como ele é de verdade, inclusive ele próprio passa ver quem ele é, ai a decepção é bem maior, isso porque nunca aceitaram que a sua vida era um teatro, e como tetro não poderiam errar. A grande diferença dos homens de caráter é essa, eles sempre aceitaram que um dia, mais cedo ou mais tarde cairiam.
William Hersey Davis, escrevendo uma comparação sobre caráter e reputação, diz: “As circunstancias na qual você vive determina sua reputação. A verdade na qual você crê determina o seu caráter. Reputação é o que pensam a seu respeito. Caráter é quem você é. Reputação é a sua fotografia. Caráter é a sua face. A reputação fará de você rico ou pobre. O caráter fará de você feliz ou infeliz. Reputação é o que os homens dizem a seu respeito no dia do seu funeral. Caráter é o que os anjos falam de você perante o trono de Deus.”   
Se as pessoas soubessem olhar para o caráter de um individuo, elas nunca seriam enganadas, e viveriam seguras no mundo, o problema é que a reputação é algo mais visto, pois está no lado de fora, o caráter é muito sutil, e só aparece em pequenos detalhes.                   

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Porque minha Igreja não cresce?

Qual é o pastor que não deseja que sua igreja cresça? A igreja crescendo é um sinal para muitos do bom trabalho do líder, a igreja quando cresce é um motivo de orgulho e vangloria e até mesmo um sinal de que naquela igreja o pastor está fazendo um bom trabalho. Muitos pastores se decepcionam com seu ministério, ou a igreja se decepciona com o ministério do pastor por não ver a igreja se multiplicando, as finanças em crescimento, o pastor tendo que começar uma campanha para construir o novo templo. Normalmente se cobra do pastor esse tipo de crescimento, e quando não há logo se culpa alguém, se não o pastor, ou o pastor a igreja.
A dificuldade aqui é de encontrar um verdadeiro motivo para a retardação do crescimento da igreja, vamos começar pela consciência de crescimento na vida da igreja e do seu líder, com certeza alegra o coração da igreja e do pastor quando o Senhor acrescenta a cada culto novas vidas, mas o crescimento não deve partir da quantidade e sim da qualidade da igreja, o que muitos não param para refletir, é se a igreja está crescendo ou inchando,   com as megas igrejas da mídia, os cristãos desejam que a sua igreja tenha a mesma estrutura  e o mesmo movimento das apresentadas na mídia. Eu quero neste artigo demonstrar que a igreja para ter um crescimento quantitativo, deve primeiro priorizar o seu crescimento qualitativo, a luz de Atos 2: 42-47.
Lucas escreve o livro de Atos como também a seu Evangelho sob os auspícios de Teófilo, com o propósito de informá-lo sobre os ensinos de Jesus e o que aconteceu com os discípulos após a morte e ascensão de Jesus (1: 1). Atos na verdade é a narrativa de Lucas do trabalho continuado pelos discípulos, e procura descrever a vida da igreja em seus primeiros passos. No capitulo primeiro encontra-se as ultimas instruções e ascensão de Jesus (6 - 11), como também a escolha do apóstolo Matias (12 - 26). O segundo capitulo encontra-se o cumprimento da promessa do Espírito Santo sobre os apóstolos (1 - 13) e a pregação de Pedro (14 - 36), as primeiras conversões (37 -  41). Então chega ao relato de como viviam esse primeiros cristãos (42 - 47), a igreja vivia de forma avivada. Vejamos as praticas dos primeiros cristãos e ao final veremos os resultados.
1. “Eles perseveravam no ensino dos apóstolos...” (v. 42). O ensino dos apóstolos incluía tudo que o próprio Jesus ensinava (Mt 28: 20), sendo o mais importante Evangelho, o qual se firmava sua vida e obra, morte e ressurreição  (v. 23, 24; 3: 15; 4: 10; 1Co 15: 1-4), ou seja a doutrina apostólica estava fundamentada em Cristo e Ele era o centro de todo o ensino da Igreja. Posso usar o exemplo de Paulo, quando ele diz aos coríntios sobre o caráter da sua pregação, ele diz; “Porque decidi nada saber entre voz, senão Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2: 2).
Em que se tem direcionado o ensino da Igreja hoje? A Igreja tem se preocupado em perseverar na “sã doutrina”? Uma Igreja é aquilo que o pastor prega, se o pastor prega a verdadeira doutrina que se fundamenta em Cristo certamente teremos uma Igreja saudável e madura que persevera na fé. Muitos têm procurado viver uma vida de macaco que pula de galho em galho em busca de banana, porque não está satisfeito com o alimento dado. A igreja que não prega a pessoa de Cristo não pode obter um verdadeiro crescimento, um crescimento de qualidade, se bem que muitas igrejas crescem muito, sem pregar com centralidade em Cristo, mas o crescimento desenfreado de uma Igreja nem sempre é aprovação de Deus, mas vemos que a primeira característica dos primeiros cristãos era a observância na doutrina apostólica, que por sua vez era cristocentrica.
2. “... na comunhão, no partir do pão...” (v. 42). A comunhão era algo marcante na vida da Igreja, naquele período, Lucas faz referencia novamente nos versos 44 e 45, a união e o amor com que os convertidos viviam a vida cristã eram um testemunho poderoso em Jerusalém e muitas outras partes. A vida em comunidade eclesiástica requer unidade do corpo, à igreja hoje está seguindo o ritmo do mundo, o individualismo domina hoje a mente da sociedade, ninguém se preocupa com o outro, sem falar que muitos dentro da igreja são verdadeiros divisores da comunidade, a briga que existe muitas vezes dentro da comunidade por destaque já se tornou algo comum na Igreja.
Não devemos deixar de citar que a Igreja do primeiro século já tinha esse problema, nós vemos aqui no texto de Atos os primeiros passos da Igreja recém nascida, mas na medida que ela ia crescendo apareceu alguns problemas muito comuns dos nossos dias, Paulo em Corinto adverte o partidarismo na comunidade (1Co1: 10-17; 3: 1- 3), o apostolo demonstrou muita preocupação com relação a comunhão da Igreja em suas cartas. A igreja é uma comunidade fundada em amor e não em inveja, partidarismo, egoísmo e individualismo, acho que vale refletir no papel que a Igreja está passando para a sociedade, tudo que o mundo é, a Igreja é diferente. (1Co 12: 12 – 13: 1-13).
3. “... nas orações.” (v. 42). O pastor Hernandes Dias Lopes citando James Rosscup comentando sobre a vida de oração dos primeiros cristãos, diz:
“Os crentes oraram de forma regular e sistemática (At 3: 1; 10:9) bem como nos momentos de urgência. Pedro e João foram modelos de oração. Eles foram o canal que Deus usou para a cura de um homem paralitico (At 3: 7: 10). Mais tarde, oraram com outros irmãos para que Deus lhes desse poder para testemunhar com ousadia (At 4: 29-31); uma oração que Deus respondeu capacitando-os a enfrentar seus inimigos. Eles foram revestidos de poder, tornaram-se profundamente unidos e se dispuseram a dar suas próprias vidas pelo evangelho. Mais tarde, os apóstolos revelaram a grande prioridade de suas vidas, quando decidiram: ‘quanto a nós, nos consagraremos a oração e ao ministério da Palavra’” (Paixão e Piedade, Hernandes Dias Lopes, p. 16).
Os primeiros cristãos viviam em constante oração, a vida piedosa era uma marca da Igreja, a Igreja que Lucas descreverá andava de joelhos. Infelizmente esse não é um costume de muitas Igrejas do presente século, os cristãos não querem pagar o preço em oração, os grandes avalistas do passado eram homens de oração; João Crisostomo, Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, John Knox, Richard Baxter e muitos outros que marcaram a historia da Igreja em sua época. Onde estão os sinais que marcaram a Igreja de Atos (v. 43), os sinais acompanhavam a Igreja, porque ela gastava mais tempo em oração do que em discussões teológicas, a vida da igreja era temperada por oração, a sua teologia andava junta com a ortopraxia, uma pratica verdadeira.
Com estas marcas, qual era o resultado? Vejamos a segunda parte do verso de numero 47: “E, assim, a cada dia o Senhor juntava à comunidade as pessoas que iam sendo salvas.” A igreja crescia em quantidade, pois a qualidade da igreja garantia isso.
Hoje nós estamos enfrentando um esfriamento espiritual, o motivo é por falta de qualidade da Igreja em nossos dias, muitos pastores se decepcionam como o ministério, pois não procura trazer a Igreja a princípios tão básicos, as vezes procura uma erudição no púlpito que não trás edificação para a Igreja ou não se interessa em se dedicar no estudo de qualidade para trazer o mais puro evangelho para a Igreja, como também a vida de oração, da igreja está extinta, não existe mais os sinais que acompanha uma Igreja avivada.
A minha oração é para que Deus desperte a sua Igreja, nesses três princípios básicos; a sã doutrina, a unidade e a oração, acreditando que se nós lideres nos voltarmos para isso veremos a Igreja crescendo com qualidade e quantidade.             
                            


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Política, Justiça e Decadência.

Os antigos gregos entendiam que a vida política tinha como finalidade a justiça na comunidade, cujo objetivo final era a felicidade de todos. Surgiu então à necessidade de alguém que representasse a comunidade, essa representação serviria de voz, para se alcançar o objetivo comum de todos. O que deveria regular o andamento desse representante, acredito eu, que é a justiça, a justiça é o ideal de todos. Ou pelo menos deveria ser.
Acredito que a justiça é o regulador da moral política, o termo é usado para fazer valer a igualdade de todos, sem justiça não haveria igualdade, e o representante quando aplica a justiça a sua política ele não pensa em si próprio, mais no beneficio de todos, para chegar ao objetivo coletivo que é a felicidade comum. Nós escolhemos os nossos representantes porque queremos uma sociedade melhor que proporcione o nosso bem estar, isso sem duvida deveria pesar na consciência de todo representante, porém, a política se encontra em decadência, o motivo é simples, a falta de justiça.
O povo quando vê a injustiça logo procura fazer justiça, o político injusto se depara com o povo clamando por justiça, mas um político injusto ri dos clamores do povo, porque ele não se preocupa com o povo, para ele não passam de marionetes que nas campanhas ele brinca como se fossem seus brinquedinhos.
A política sem justiça torna-se decadente, o povo chora e o representante ri, o povo perde o sono e o político dorme com os bolsos cheios de dinheiro. Sabe por quê? Porque o povo também não é injusto. Nos dias de elegermos nossos representantes, o individuo que faz parte do povo não pensa coletivamente, mas individualmente quebrando o principio regulador da política, a justiça. Ora se a justiça é para a comunidade, porque eu só penso em justiça para mim e não para todos?  A política começa a sua decadência a partir daí, o povo que elege o representante por motivos pessoais, depois estão nas praças, nos bairros, nas esquinas, chorando o leite derramado, e o representante rindo da cara de todos, porque foram eles mesmos que o colocaram no poder. E ele fica só lembrando-se das pessoas que ele comprou nos dias das eleições.
Nós sairemos da decadência quando pensarmos em justiça, não depois das eleições quando o  político injusto começar a fazer sua falcatruas por debaixo dos panos e nós para “sermos justos” para demonstrarmos justiça gritamos “JUSTIÇA!!!”, “JUSTIÇA!!!”
Não da mais para agüentar está política decadente que rege a mente do povo e do representante, poderíamos ser mais inteligentes e pensar mais coletivamente para construímos uma política sadia, que segue o principio original justiça para todos.   
          

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte VII.

Método de Interpretação da Teologia Liberal.
Fechamos o assunto anterior da nossa serie com o surgimento da teologia liberal. Vimos que a teologia liberal foi grandemente influenciada pela filosofia racionalista, mas também quero destacar que o liberalismo, tem um debito com deismo, do ceticismo francês e do iluminismo alemão no campo teológico. Todas estas escolas de pensamento minaram a teologia ortodoxa, sendo que as doutrinas de fé acabaram sendo descartadas por não passar pelo grifo da razão.
A fé ortodoxa havia estabelecido um método que correspondesse e considerasse o caráter divino e humano da Escrituras, sua inspiração e infalibilidade, a historicidade dos relatos bíblicos e a intencionalidade do texto em comunicar sentido de maneira profissional, o método chamado gramático – histórico. Esse método foi resistindo e prevaleceu a muitas formas que tentavam inovar a interpretação bíblica, tal método deu atenção ao caráter histórico das Escrituras e considerava a ação de Deus na historia. O pressuposto que servia de bussola para este método, era a crença na infalibilidade (a bíblia estava desprovida de erros), e a inspiração (doutrina que defende que as Escrituras, foram escritas por homens que receberam a orientação do Espírito Santo; II Tm 3: 16; II Pe 1: 20-21).
Com a Renascença houve o direcionamento a academia para as coisas terrenas, diminuindo a influência do referencial de Deus no ensino, na pesquisa e na reflexão, isso com a influência do filosofo racionalista iluminista Emanuel Kant. O racionalismo gerou um pressuposto de autonomia do humano e o direito do livre pensar, esse espírito preparou o terreno, dentro das universidades e seminários de toda Europa, para o surgimento de um método de interpretação da Bíblia, que considerasse primariamente as implicações históricas e até o próprio conceito de historia e as realidades dos antigos escritores sagrados, filosofo Hegel tem uma participação fundamental no desenvolvimento desse pensamento, que acabou levando a um papel secundário o caráter divino das Escrituras.
À medida que a teologia liberal ocupou as cátedras o método gramático – histórico, foi deixado de lado, pois a idéia da Inspiração das Escrituras, já não era mais considerada nos meios acadêmicos de estudos da bíblia, dando lugar agora a um método chamado “histórico- Critico” ou o movimento conhecido como “Alta – Critica”. Este método nasce com a poderosa influência do racionalismo na filosofia e do deísmo¹ na teologia. Os adeptos do método afirmavam que era um método neutro e ciêntifico. O método passou a ser considerado o método ideal de interpretação das Escrituras. Comentando sobre o ufanismo que girava em torno do novo método o Dr. Augustus Nicodemus Lopes apresenta dois fatores; ele diz:
“A nota de triunfo que acompanhou o seu surgimento se deveu, em primeiro lugar, à perda da consciência de que o pecado havia afetado a capacidade de raciocínio no homem. Retornou ao ideal grego de que o homem é a medida de todas as coisas... Um segundo fator que contribuiu para esse ufanismo foi à crença de que toda verdadeira pesquisa, em qualquer área do conhecimento humano, pode ser feita de maneira isenta e neutra.”²
Os teólogos liberais agora liam as Escrituras com os óculos da ciência humanista. Isso fez com que a teologia passasse por uma crise muito grande nesse período, as academias não encaravam a bíblia como um livro divino mais um livro que foi construído ao longo dos tempos por uma tradição religiosa. A questão então era encontrar aquilo que se acreditava que era revelação de Deus, então a partir de uma definição dogmática de J. Solamo Semler (1725- 1791). “A raiz de todos os males (na teologia) é usar os termos ‘Palavra de Deus’ e ‘Escritura’ como se fossem idênticas” Essa afirmação de Samler antecede o método, mas é com essa afirmação dogmática que o método é aplicado para as Escrituras. O que é que esta afirmação significa para os críticos liberais da Bíblia? Por detrás desta declaração existe a doutrina de que a Escritura contem erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provém realmente de Deus, ou seja, a bíblia “contém a Palavra de Deus” ela não “é a Palavra de Deus” isso trouxe a idéia de que existe um, Canon dentro do Canon, um Canon formal  e um Canon normativo, o primeiro se refere aos livros que foram formalmente aceitos pela Igreja antiga, quanto ao segundo, chamado normativo porque contém aquilo que é autoritativo para o cristão e para Igreja porque é verdadeiramente a Palavra de Deus em meio as palavras humanas. Isso fez com a bíblia fosse mutilado em seu estudo, para se encontrar o cânon normativo, o problema é que até hoje não existe um cânon reconhecido e aceito pelos próprios críticos.
Muitos teólogos católicos e protestantes foram adeptos do método Gerhard Ebeling, Rudolph Bultmann, Ernest Käsemann.( depois falaremos em outro momento sobre os teólogos Liberais).
As criticas desenvolvidas pelo método todas elas tiveram o mesmo objetivo,  encontrar o cânon dentro do cânon, elas são: a critica das fontes, a critica da forma, critica da redação. (não vamos apresentar agora cada uma delas mais estamos trabalhando no assunto, aguardem).
Em fim o método liberal de interpretação, já não tem muita força na contemporaneidade, foram surgindo hermenêuticas novas no período que corresponde a pós-modernidade, como o método de interpretação corresponde ao período moderno, ele possui pressupostos filosóficos do seu período, com a decepção dos valores modernos o método também já não é encarado como eficaz para o contesto do século XX.
No próximo artigo vamos tratar da hermenêutica pós-moderna.
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 ¹ Deismo: Movimento filosófico do século XVIII que enfatiza a moralidade e a religião natural e negava a interferência de Deus sobre o mundo cristão.
² LOPES, Augustus Nicodemus. O dilema do Método Historico-Critico na Interpretação Bíblica, em Fides Reformata 2005, p. 115-138.