quarta-feira, 20 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte IV.

Chegamos a um período de suma importância na hermenêutica bíblica, na reforma vemos um período de novas ênfases para a interpretação, algo que marca este período é que a bíblia é tirada de uma espécie de camisa de força que impunha a exegese medieval, permitindo que a bíblia falasse por si mesma, que acabou sendo a grande responsável pelo desenrolar histórico dos acontecimentos do período. Quero apresentar o papel de dois grandes nomes da reforma sem me reter no processo histórico da Reforma; Lutero e João Calvino.  
I. PAPEL DE LUTERO (1483-1546).
Lutero acreditava que a iluminação do Espírito e fé era indispensável para o interprete da Bíblia, também Lutero sustentava que a interpretação não deveria ser determinada pelo ensino da Igreja, e sim as Escrituras deveriam determinar o que a Igreja ensina. Para o reformador não é a Igreja que esta sobre as Escrituras, e sim sob a Escritura esta a Igreja. Lutero comentando sobre a interpretação medieval disse:
“O que eles [os sofistas] deveriam fazer é vir ao texto vazio, derivar suas idéias da Escritura Sagrada, e então prestar atenção cuidadosa as palavras, comparar o que vem em seguida, e se esforçar para agarrar o sentido autentico de uma passagem em particular, em vez de ler as suas próprias noções nas palavras e passagens da Escritura, que eles geralmente arrancam do seu contexto”   
O reformador rejeita a o sistema alegórico de interpretação usada pelos escolásticos medievais, não aceitava a idéia de que as escrituras tinha quatro sentidos. Lutero julgava que por usar este método os escolásticos “... interpretavam erroneamente quase cada palavra da Escritura... dividem cada passagem em muitos sentidos, e por este motivo, tem um efeito profundo na mente...” (Comentário de Gálatas, 1535).
Lutero na realidade ele nem sempre negou o método alegórico. Ele próprio afirmou: “Quando eu era um jovem, era um perito em alegorizar as Escrituras; hoje o melhor das minhas habilidades se concentra no dar um sentido literal, simples, que elas tem, e do qual procedem poder, vida, conforto e instrução.”¹
O principio exegéticos de Lutero como já podem perceber é o retorno ao método histórico- gramatical, Lutero deu uma nova ênfase, ou melhor, dizendo regatou o valor das Escrituras para a vida da Igreja, um dos lemas da reforma é a “Sola Scriptura” ou somente pela Escritura, “o reformador insistiu no estudo das línguas originais e na interpretação da Bíblia por cânones mais científicos, ressaltando o sentido primário, histórico e gramatical, e só permitindo outros sentidos quando parecia que o próprio texto o reclamava.”²        
II. PAPEL DE JOÃO CALVINO (1509-1564).
“A Escritura interpreta a Escritura” era uma sentença predileta de Calvino, ele é considerado sem nenhum exagero um dos maiores interpretes da bíblia como reformador. Calvino assim como Lutero concordava que é necessária a iluminação espiritual, e considerava a interpretação alegórica como artimanha de Satanás para obscurecer o sentido literal das Escrituras. O reformador construiu uma extensa obra exegética, para ele as escrituras só tinha um único sentido e era esse sentido que deveria ser considerado, esse sentido não era dado pelo interprete mas, dado pelo autor do texto, e o interprete deveria considerar este sentido primordial. Numa famosa sentença ele declarou:
“a primeira tarefa de um interprete é deixar que o autor diga o que ele de fato diz,  em vez de atribuir-lhe o que pesa que ele deva dizer”   
Essa sentença se torna uma lei fundamental na Hermenêutica reformada, valorizando a intenção autoral. Calvino não concordava com alguns pontos de Lutero, mas, ambos seguiam juntos em dar a autonomia que as Escrituras possuíam.
¹“Galatas, 1535.
² Fee, Gordon D., Douglas Stuart, Entendes o que Lês? , Ed. Vida Nova

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