terça-feira, 19 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte II


João Cisostomo
II. Escola de Antioquia.
Os principais representantes desta escola são; Teodoro de Mopsuéstia, João Crisóstomo e Basílio, o Grande.
A Escola de Antioquia defendia que o texto bíblico contém apenas um único sentido, o sentido original pretendido pelo autor, tal escola utilizava o método Historico-Gramatical de interpretação da Bíblia, enfatizavam o uso do sentido literal e comum das palavras, entendendo que a interpretação literal inclui, obviamente, a abundante linguagem figurada do texto bíblico. O ensino dessa escola era desenvolvido da seguinte forma: a interpretação deve ser a luz do seu contexto e das regras gramaticais, incentivando o conhecimento das línguas bíblicas (grego e hebraico) para uma melhor compreensão do texto bíblico, afirmando que as narrativas históricas devem ser entendidas como fatos históricos reais. Dr. F. F Bruce fez uma comparação do método dos alexandrinos e antioquianos: 
“Os alexandrinos entenderam a inspiração das Escrituras no sentido platônico de declarações feitas num estado de possessão extática. Era natural, por isso, que palavras ditas desse modo tivessem que ser interpretadas misticamente se o seu significado interior era para ser trazido a luz. Teodoro e os antioquianos, pelo contrario, entendiam a inspiração como um impulso divino conferido sobre a consciência e a inteligência do escritor, sendo que a sua individualidade persistia, e que a sua atividade intelectual permanecia sob o seu consciente controle. Por isso, era importante na interpretação dos escritos a consideração dos hábitos, objetivos e métodos de cada autor. O sentido literal tinha primazia, e era dele que deviam ser tiradas lições morais; os sentidos tipológico e alegórico, conquanto não excluídos, eram secundários” ¹   
Para os antioquianos a interpretação do texto, tem que considerar o texto como ele é, de forma que para se entender o conteúdo das escrituras, deveria fazer uma análise léxico-sintatico, literal e contextual. Basílio é o autor de uma das mais vigorosas criticas da exegese alegórica vinda de qualquer teólogo cristão ortodoxo no quarto século. Ele diz:
“Conheço as leis da alegoria, embora menos por mim mesmo do que pelas obras de outros. Há aqueles, verdadeiramente, que não admitem o sentido comum das Escrituras, para quem água não é água, mas qualquer outro produto; que vêem em uma planta ou em um peixe o que sua imaginação deseja; que mudam a natureza dos repteis e das feras para adequá-los às suas alegorias, como os interpretes de sonhos, que explicam as visões do sono para fazê-los servir a seus próprios fins”²
Para os interpretes de Antioquia, o entendimento do texto é literal, só assim poderíamos chegar à intenção do autor. 
III. A Escola Ocidental ou Latina.
Os principais representantes desta escola foram; Tertuliano, Jerônimo, Ambrosio e Agostino. Essa escola pretendia ser uma mistura da hermenêutica alexandrina e antioquiana, defendendo que o texto bíblico contém múltiplos sentidos, basicamente quatro sentidos (a quadriga). Vejamos:
Agostinho
i. O sentido Literal: registra a historia, o que Deus e os personagens bíblicos fizeram (o que aconteceu).
ii. O sentido alegórico: ensina uma doutrina a ser crida, um dogma para fundamentar nosso fé (o que aconteceu).
iii. O sentido Moral ou topológico (do grego trope, que significa “desvio”): mostra um principio moral a ser praticada, uma exortação quanto à conduta, as regras para o dia a dia (o que fazer).
iv. O sentido anagógico (do grego anagein, que significa “fazer subir”): aponta uma promessa a ser cumprido, o alvo da nossa esperança escatológica (o que esperar).
Agostinho foi o maior nome desse método de interpretação, ele admitia o método literal mais, procurava basear sua interpretação, sobretudo no sentido alegórico (a única diferença dessa escola em relação à Alexandria era que seus adeptos procuravam extrair o sentido alegórico a parti do sentido literal, ou seja, primeiro mostravam o sentido literal e logo em seguida partiam para os excessos da alegoria).
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¹ F.F Bruce, “The History of New Testament Study”, em : I. H Marshall (ed), New Testament Interpretation  (Grand Rapids: Eerdmans, 1977), p. 26.
² Citado por: Prof. Marcio Barros, Apostila de Hermenêutica Bíblica, Natal/ 2009
 
 


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