domingo, 6 de março de 2011

Princípios de Interpretação Bíblica.

A Bíblia sem duvida é um livro demasiadamente complexo, pois estamos falando de um livro que é considerado a “Palavra de Deus”, mas que foi escrita por homens que receberam “a influência sobrenatural do Espírito santo de Deus, a fim de registrarem de forma inerrante e suficiente toda a vontade de Deus, constituindo esse registro na única fonte e norma de todô o conhecimento cristão” (2Tm 3: 16-17), por isso a Bíblia é entendida na Teologia Cristã como um livro que possui duas naturezas divino-humano. Este livro é capaz de mudar a vida do pecador, pois nela está o registro escrito da revelação de Deus para o homem com o objetivo de levá-lo à salvação. Hoje a Bíblia pode ser encontrada em todos os lugares do mundo, é raro não encontrar uma casa que não possua uma bíblia.
Mas, por ser um livro “comum” no mundo (comum no sentido da sua existência), não podemos deixar de considerar a importância de uma interpretação sadia que revele o sentido real do texto. Hoje surgi muitas heresias por meio desta falta de interesse por uma interpretação real, muitas pregação tronam-se heréticas porque os pregadores não respeitam a mensagem original que os autores bíblicos transmitiram por meio da revelação do Espírito Santo a Igreja, e é importante lembrar que tudo que havia de ser revelado, está registrado no texto sagrado, desta feita não há possibilidade de uma nova revelação (Hb 1: 1-4), coisa que muitos pregadores “usam” como pressuposto para interpretar o texto. Diante desta dificuldade vamos desenvolver neste artigo princípios básicos para se interpretar o texto bíblico, mas antes vamos entender algumas dificuldades para se interpretar a bíblia, antes de se iniciar o estudo do texto, considerando que a ciência que interpreta a Bíblia chame-se; hermenêutica.
I. DIFICUDADES QUE A BILBLIA TRAZ PARA SUA INTERPRETAÇÃO.
1.1. A Bíblia é um livro divino: Talvez está seja a primeira dificuldade do interprete, aceitar este caráter das Escrituras. A bíblia não é um livro comum, ela é um registro de um Deus que com amor e misericórdia se revelou ao homem pecador, o que eu quero dizer com isso? Nossas faculdades intelectuais estando corrompida pelo pecado pode haver o risco de não acompanhar a vontade Divina Revelada no texto.  Muitos intelectuais tentaram corromper a bíblia e a enxergaram somente como um livro de historia, sempre tentando por a bíblia em cheque com teorias que a reduziam a um livro comum, bem,  foram muitas as tentativas, mas a bíblia permanece como “Palavra de Deus”.
Os antigos reformadores viam que para se entender o texto sagrado deveria haver dois elementos, que chamaram de “orale et labutare”, orar e trabalhar. Oração era, e ainda é o meio que nos colocamos em dependência do Espírito de Deus para que ele nós ensine a sua verdade (Jo 14: 26; 16: 13) e trabalhar no sentido de estudar, examinar se dedicar ao estudo das escrituras (Jo 5: 39). Os reformadores acreditavam nesse principio que poderia servir de ponte para o entendimento correto do texto.
1.2 Autores diferentes em épocas diferentes: A bíblia foi escrita por quarenta autores que viveram em épocas totalmente diferentes, esses homens na maior parte dos casos nunca se conheceram, a bíblia cobre um período de 16 séculos, esse espaço cobre uma cultura diferente, circunstâncias e casos diferentes. O Interprete ele tem que entender a cultura bíblica, os autores do texto sagrado, para que se possa se chegar ao entendimento real do texto, pois vale lembrar que o tempo em que os autores bíblicos escreveram o texto, marca um grande abismo para o nosso tempo, uma diferença de quase 5.000 anos, falando de toda a bíblia antigo e novo testamento.
1.3 A língua original: A bíblia ela foi escrita em três idiomas diferente do nosso; o grego, o hebraico e o aramaico, essas línguas possui muitas das vezes um sentido totalmente diferente do sentido da língua portuguesa. Por exemplo, vamos pegar a palavra mundo no grego “kosmon”, a palavra mundo pode significar no grego “universo criado”, “sistema corrompidos pelo pecado”, “gênero humano”, “ordem”, enfim só esta palavra possui vários significados, quanto para nós mundo possui um simples sentido. É essa a parte mais fascinante, mais que exige muito do interprete, a parte de se entender as línguas originais do texto, essa é a ciência chamada exegese.
Com essas dificuldades, o interprete, ele poderá usar métodos que o ajudaram a entender o texto, ou melhor, dizendo a “intenção autoral”, ou seja, aquilo que o autor quis dizer, essa é uma regra hermenêutica que todo intérprete deve respeitar.
II. METODOS DE INTERPETAÇÃO BIBLICA.
2.1. Analise Histórico-Cultural e Contextual: O interprete nesta analise ele fará um estudo da cultura bíblica, entendendo os costumes da época, a vida social do povo que participa do contexto bíblico. Como resultado poder entender o contexto em que ocorreram os fatos bíblicos. Por exemplo; toda carta que foi escrita por Paulo teve um motivo, que chamamos de “motivação autoral”, para podermos entender o motivo que Paulo escreveu determinada carta devemos estudar o contexto da Igreja em que a carta foi enviada, isso pode ocorrer no estudo da própria carta. Os Evangelhos também são livros riquíssimos de cultura judaico-helenista, para um estudo aprofundado dos Evangelhos é necessário estudar esta cultura afundo.
2.2. Analise Léxico- Sintática: Este é o estudo do significado de palavras tomadas isoladamente (lexicologia) e o modo como essas palavras se combinam (sintaxe), a fim de determinar com maior precisão o significado que o autor pretendia lhes dar. Esta “analise fundamenta-se na premissa de que embora as palavras possam assumir uma variedade de significados em contextos diferentes, elas têm apenas um significado intencional em qualquer contexto dado. Vale lembrar que este estudo é no texto original.
2.3. Analise Teológica: Essa analise faz uma pergunta fundamental: “Como está passagem se enquadra no padrão total da revelação de Deus? O autor deve identificar se sua idéia da passagem está de acordo com toda a Escritura. Por Exemplo, se escolhermos um texto tal, e diante das analises Histórico-Cultural e Contextual e Léxico- Sintática encontramos uma idéia que revela santidade iremos conferir se ela está de acordo com toda a Escritura.
2.4. Analise Literária: O interprete devera identificar o tipo de literatura bíblica, a bíblia ela possui vários gêneros literários, símiles, metáforas, provérbios, parábolas, alegorias também literatura profética, literatura apocalíptica como também literatura epistolar. O bom interprete deve ter conhecimento destes gêneros literários nas Escrituras.
Havendo feito as analises exigidas pela hermenêutica, caberá agora o interprete aplicar o texto para sua vida, e para vida da Igreja, essa parte sem duvida é a mais difícil, pois requer certa cautela para não se haver uma espécie de anacronismo no texto.
CONCLUSÃO:
Toda interpretação tem que se levar em conta a intenção do autor, pois ele foi o instrumento usado por Deus para revelar a sua vontade. Muitos podem dizer, para que deve se usar isto, todos estes métodos e técnicas de interpretação, eu repondo; para se evitar as heresias e impedir que o interprete interfira no sentido real do texto. Portanto devemos fazer uma boa hermenêutica para se ter uma boa teologia.
 ____________________________
Fonte: Virkler, Henry A., Hermeneutica Avançada: principios e processo de interpretação biblica/ São Paulo: Editora Vida, 2007.

      
          

Nenhum comentário:

Postar um comentário