terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Deus cristão como o “totalmente outro”.

O termo “totalmente outro” foi o termo usado pó Karl Barth, um dos maiores teólogos do século XX. Partindo deste termo quero apresentar neste artigo o grande abismo existente do Deus cristão, para os deuses de outras religiões. Por este termo se entende que o homem nada pode saber a respeito de Deus. Só podemos falar verdadeiramente de Deus o que Ele mesmo transmitiu. Somente o que Deus revelou de si mesmo pode ser conhecido e comunicado pelo ser humano. A pessoa que pretende falar de Deus a partir de seus sentimentos de seu raciocínio, esta na verdade falando de um ídolo. O verdadeiro Deus é “totalmente outro” em relação ao ser humano – em tudo o que a pessoa pensa, sente, deseja, compreende e elabora; o próprio Karl Barth afirmou certa vez:
"Deus não é um poder ou uma verdade, Deus não é o Ser a ser descoberto pelo próprio ser humano para então lhe outorgar o título de divindade; ao invés, Deus é aquele que se tornou conhecido do ser humano como seu real Senhor, ao ir ao seu encontro agindo, julgando, perdoando, santificando, prometendo, isto é, ao se revelar a ele."
Deus é um ser que está além da razão e do sentimento humano, toda tentativa de compreendê-lo dentro destes dois pressupostos será uma compreensão limitada, até porque nossa compreensão já se limita a aquilo que esta revelado, o Deus cristão é o Deus que se revelou deixando um registro escrito da sua revelação, vejamos as diferenças que distingui este Deus dos demais deuses.  
1. Deus não pode ser representado: Na maioria das religiões a divindade é representada por alguma figura, seja ela por características humanas ou de animais ou até mesmo a união das duas. Deus Ele como o “totalmente outro” não pode ser representado por uma figura que esteja no contexto do homem, pois Ele deixaria de ser um ser que está além do sentimento e lógica humana, se igualando a concepção de uma criatura que possui limitações da compreensão de Deus, as representações da divindade não passam de um tentativa do homem de se aproximar do divino de forma física, sendo assim não seria Deus que iria até o homem, mas o homem que iria até Deus.
2. A compreensão do Deus cristão não é resultado do sentimento: É bem verdade que o sentimento faz parte da religiosidade do homem, caso contrario não haveria o “fenômeno religioso”, mas neste caso não é o sentimento que produz Deus, mas Deus produz e sentimento. Deus não é o resultado da inquietação, e medo humano, em outras religiões podemos dizer que sim, pois todas partem da compreensão subjetiva ou da experiência que gera a figura divina. No cristianismo que segue a tradição judaica da compreensão de Deus, Ele é a causa da experiência e do sentimento religioso. A manifestação Teofanica de Deus na sarça ardente no capítulo 3 de Êxodo, onde o próprio Deus se revela a Moises mostra-nos o sentimento que Moises teve  que gerou uma  compreensão de Deus, e isso foi gerado pelo próprio Deus.
3. Deus é singular: Deus não pode ser comparado a nada e a ninguém, está afirmativa revela a “singularidade de Deus”. Deus não pode ser comparado a ninguém porque Ele é “totalmente outro”. Toda tentativa de comparar Deus a algo, será sempre uma tentativa deficiente. No livro de  Isaias o próprio Deus faz uma pergunta retórica; "A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? -diz o Santo.” “Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus” (Is.45:5).
Concluo que toda e qualquer tentativa que ultrapasse aquilo que o “totalmente outro” já nos revelou é sem duvida deficiente, aqui não significa um preconceito com relação as idéias da divindade de outras crenças, não é esta a minha proposta, mas de apresentar uma alternativa de entendermos sua revelação.  Que é nos limitando a Ele,  e deixando que Ele mesmo se faça conhecido em nossa existência.               

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