quinta-feira, 28 de abril de 2011

Não acredite em tudo que a “crença” diz.

Parece bem discrepante este titulo, mas o que eu quero dizer é que “não devemos acreditar em tudo do que se diz em nome da fé” sem antes comprovar. Você pode me perguntar: Mas que fé é essa que é necessário uma prova? A fé por mais que seja a crença em algo abstrato e subjetivo ela é uma atividade puramente racional que se apóia em fatos concreto, quer um exemplo? Vou usar o texto que talvez muitos usem para tentar rebater minha idéia Hb 11. 1 é um texto excelente para dizer que a fé não se apóia em fatos, mas vamos usar uma regra bem simples da hermenêutica, lembrem-se: O sentido do texto se apóia no seu contexto.
Hebreus 11. 1 diz: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vem”. Vamos analisar este texto a luz do seu contexto. Primeiro: no verso 32-39 do capitulo 10 o autor de Hebreus faz um apelo para que os irmãos hebreus se fortaleçam e não negue a fé (tudo indica que aqueles cristãos estavam sendo perseguidos) lembrando de fatos do passado que pedia edificá-los, então ele entra no assunto propriamente dito no capitulo 11 que é a natureza da fé. Segundo: no versículo 1 ele fala da natureza da fé, conquanto no versículo 2 e 3 ele fala dos fatos que nossa fé se apóia. Veja verso 3: “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” .
Pêra aí, mas o que quer dizer “a convicção de fatos que não se vêem”? (Hb 11. 1). Alguém viu Deus criando o universo? Ou melhor, alguém viu Deus Pai? O ato criativo de Deus ninguém viu, mas, a criação podemos ver. Um dos grandes teólogos da nossa era John R. W. Stott em seu livro “Crer é também pensar” faz uma distinção da fé e da credulidade, ele diz:
“Fé não é credulidade. Ser crédulo é ser ingênuo, completamente desprovido de qualquer critica, sem discernimento, até mesmo irracional, no que crê. Porem é um grande erro supor que a fé e a razão não são incompatíveis. A fé e visão são postas em oposição, uma a outra, nas Escrituras, mas nunca a fé e a razão. Pelo contrario, a fé verdadeira é essencialmente racional, porque se baseia no caráter e nas promessas de Deus. O crente em cristo é alguém cuja a mente medita e se firma nessas certezas”   
Pois bem, porque estou tratando deste assunto? Recentemente um blog do município de Lages (http://blogdelajes.blogspot.com/) publicou um acontecimento ocorrido em 12 de outubro de 1995. Que foi o ato estúpido do pastor da URD, conhecido como Von Helder, aquele que “chutou a santa”. Relatando o fato, na postagem registra uma suposta convenção deste pastor, apos Nossa Senhora Aparecida ter “aparecido” em forma de enfermeira, “um milagre”.
Na postagem não diz, mas este fato foi confirmado na emissora de TV Cação Nova. Só que o narrador do fato na Cação Nova ele não divulgou algumas informações importantes: Datas? Quando? O nome da clinica nos Estados Unidos, nome do diretor.
O fato não foi confirmado até hoje nas principais emissoras do Brasil, como aconteceu quando ele chutou a Santa. Bem, em fim não existe fatos que comprovam a tal convenção do pastor, o que me deixa mais indignado é a informação final da postagem “hoje conta sua historia para quem quiser ouvir”. Em fim, eu como tenho um espírito inquieto, fui pesquisar e não foi exatamente este fato que eu encontrei. Em um dos sites de consultas, acredito um dos mais respeitados, diz que o tal pastor foi condenado em 1997, foi condenado dois anos e dois meses de prisão por crimes de discriminação religiosa e vilipendio a imagem. E não saio da URD, continua lá trabalhando como obreiro.
Acesse:
http://www.informativobatista.net/news.php?readmore=46
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chute_na_santa

Talvez o amigo leitor não tenha tempo para ouvir, mas este link é uma pregação de Von Helder após o acontecimento: http://www.youtube.com/watchv=3SCt20WVYHU&feature=related. (Não compartilho desse tipo de mensagem mas, é um fundamento do que falo)    
Não quiz aqui ferir a fé de ninguém, pelo contrario o meu compromisso é com a fé que se baseia na verdade, por isso não acredito em tudo que se crê.
      

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte VI.

Hermenêutica Moderna (1800- até os tempos atuais)
Friedrich Shcleiermacher
Encerramos o artigo anterior afirmando o surgimento do “racionalismo” do século XIX, pois bem com isso passamos agora a discutir a hermenêutica deste século ou hermenêutica moderna. O racionalismo foi um grade influenciador da cultura, da arte, da musica em fim de toda a sociedade do século XIX. A teologia não escapou da sua influência. Mas como uma ciência que estuda o transcendente poderia ser matéria de estudo da razão? “O homem é irremediavelmente um animal religioso. Desde a antiguidade, Deus tem sido a principal preocupação do escrutínio humano. Sócrates, Aristóteles, Platão e todos os pensadores gregos importantes formularam teorias teológicas especulativas sobre Deus. A existência de Deus para esses homens era algo totalmente racional e necessário.” (Leonardo Gonçalves; Teologia Contemporânea, p.1). Era esse o pensamento dos filósofos e teólogos do século XIX, e percebemos que pensar sobre Deus não é algo somente para fanáticos abitolados pela religião.
A diferença da teodicêia¹ Socrática, Platônica e Aristotélica, o cristianismo como religião revelada, ou seja partimos da crença de que o que sabemos de Deus, não é mero esforço humano mas, uma atitude divina, os reformadores ensinavam que “a sabedoria e o conhecimento humano partia do próprio Deus”.
Até então todos compartilhavam da idéia de que os fatos narrados nas Escrituras eram fatos inspirados pelo próprio Deus, e que aconteceram na historia, ou seja, o cristianismo ortodoxo crê que o que está escrito são fatos que fizeram parte historia humana e estes fatos é a intervenção de Deus na historia. Isso até o século dezenove. Com o surgimento do racionalismo as idéias ortodoxas deveriam ser julgadas, ou seja, aquilo que a razão não explica-se não poderia ser aceito.
O racionalismo do século dezenove interfere na hermenêutica estabelecendo dois principais pressupostos:
1. A razão e não a revelação devia orientar nosso pensamento e ações;
2. Que a razão deveria considerar que parte da revelação era considerada aceitável (que chegaram a incluir somente aquelas partes sujeitas às leis naturais e à verificação).
O racionalismo filosófico lança bases para o chamado “Liberalismo Teológico”. Muitos estudiosos afirmam que o pai do Liberalismo Teológico é o filósofo Friedrich Schleiermacher (1768 – 1834), não quero me reter na sua biografia, mas ele desenvolve o pensamento de negação da inspiração das Escrituras, ou seja, a bíblia não tem caráter sobrenatural, esse princípio é a ancora do liberalismo, ele também afirma que a experiência individual vale mais do que a revelação escrita, pregava que Jesus só era filho de Deus porque muitos criam assim, mas ele era apenas um gênio religioso. Negava também a satisfação de Cristo pelos pecados da humanidade, pregava que a entrada no Reino de Deus era realizada, pela pratica da caridade e comunhão com as pessoas não pela fé.
O liberalismo foi se desenvolvendo e doutrinas importantes da fé cristã foi sendo negadas por está teologia como a crença nos milagres, o nascimento virginal de Cristo, a doutrina do inferno e ate mesmo a crença no Jesus Histórico. Isto implicou de forma severa na maneira em que as Escrituras eram vista.
Surgem novas correntes de interpretação bíblica que não considera a bíblia como um livro divinamente inspirado, mas, uma coleção de tradição que foram unidas ao longo dos séculos do cristianismo. A fé não se fundamenta mais na revelação.
O assunto por ser vasto continuaremos na próxima parte, apresentando a hermenêutica liberal e os principais teólogos do movimento.
_____________________________
¹Teodicêia: parte da filosofia que pretende demonstrar racionalmente a existência e os atributos de Deus.      

                        

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte V.

Pós-Reforma (1550-1800).
O pietista Bengel
O Catolicismo reagindo contra a Reforma se tornou mais categórico na primazia da tradição da Igreja em ser a interprete das Escrituras. A posição reformada vai avante; “a Bíblia é a sua própria interprete”, o Concilio de Trento declarava: “Ninguém deve presumir de interpretar a assim chamada Escrituras sagradas de modo contrario ao sentido que lhe foi e é dado pela santa mãe Igreja”.
No protestantismo pós-reforma, contudo, verificou-se uma tendência semelhante, no sentido de praticamente subjugar as Escrituras aos catecismos e credos da reforma, está é a época chamada de confessionalismo. Nesse período era um momento de se fixar as doutrinas da reforma, cada cidade procurou desenvolver o seu credo, a proposta era desenvolver uma teologia própria que inibisse as doutrinas heréticas, o problema é que as confissões se tornaram um tipo de chave hermenêutica, veja o comentário de Virkler:
“Os métodos Hermenêuticos durante esse período amiúde eram deficientes porque a exegese se tornou uma criada da dogmática, e muitas vezes degeneraram-se em mera escolha de texto para comprovação. Ao descrever os teólogos daquela época Farrar diz que eles liam a Bíblia à luz do fulgor antinatural do ódio teológico.” (Hermenêutica Avançada p. 50)
Com o polemicismo e árido escolasticismo do protestantismo surgi o movimento chamado pietismo. No movimento surgi uma figura de suma importância para a exegese Johonn Albrecht Bengel, dedicando-se na critica textual e à exposição bíblica. Sua interpretação das Escrituras leva sete elementos, que seriam passos metódicos:
i. Estabelecimento do texto;
ii. Elucidação do sentido das palavras;
iii. O contexto;
iv. O contexto bíblico;
v. Luz que pode advir do transfundo histórico;
vi. O sentido do texto como um todo;
vii. Aplicação homiletica.
O lema de Bengal era “te totum applica ad textum, rem totam applica ad te” (“aplica-te totalmente ao texto; aplica-o totalmente a ti”).
Também surgiu alguns exageros no pietismo, como por exemplo, alguns grupos pietistas descartaram a interpretação Histórico – gramatical, e passaram a depender de uma “luz interior” ou de “uma unção do Senhor” para achar o sentido de texto, um destes grupos que podemos mencionar os conhecido QUAKERS.
Neste mesmo período podemos citar o movimento “racionalista”, posição filosófica que aceita a razão como a única autoridade que determina as opções ou curso de ação de alguém, que bem sedo causou profundo efeito sobre a teologia e a hermenêutica. Veremos o seu efeito na próxima parte do nosso estudo.             

domingo, 24 de abril de 2011

Metamorfose do Poder.

Vamos dar um intervalo nos artigos sobre hermenêutica, e vamos refletir um pouco sobre o “poder”. O poder é algo que o homem desde muito tempo buscou, mas a pergunta é o que é o poder? Diria que o poder é a possibilidade de algo, de exercer a autoridade, a soberania, ou império de cada circunstância. Ter o domínio, a influência ou força, ter poder é está em evidencia, ser visto, pois você domina você tem poder. Tem coisa mais atraente do que isto? Em toda a historia da humanidade surgiu alguém que exerceu o domínio, não que só ele almejasse o poder, pois a sede de poder é inerente a todo homem, todos nós queremos dominar seja o que for, só que estes que se destacaram usaram a ambição com a inteligência, duas coisas que se o homem souber usar ele se torna uma arma de persuasão, Hitler que o diga! O poder é algo almejado que quando se tem ninguém deseja perde-lo, Rubem Alves possui um aforismo que diz: “O poder é um pássaro que não abandona o poleiro”.
O problema é que a ambição pelo poder é tão nociva como o câncer, que vai matando você aos pouco, vai destruindo você de dentro para fora. O poder causa uma metamorfose, essa palavra no grego é metamorphosis, que significa “uma transformação de dentro para fora”.
As pessoas que entram nessa etapa de transformação começam a refletir, como seria se estivesse assumindo determinada posição, á principio são idéias valiosas que poucos têm, usam a sua genialidade como nunca, idéias renovadoras que podem beneficiar a todos. Logo depois a transformação vai se processando, e o individuo quer tirar da frente aquilo que ele “acredita” que pode ser obstáculo para ele, então ele usa sua inteligência para ganhar a todos aqueles que pode lhe servir como aliados, e não são pessoas fracas são pessoas fortes e influentes que podem influenciar toda a massa, a transformação continua, ele deixa de ser o que era antes, e se camufla nos pensamentos dos seus aliados para não os perderem, mesmo que o que ele tenha em mente não seja do interesse de ninguém, a metamorfose se concluiu com ele voando sobre a cabeça de todos. E todos tendo que olhar de baixo para cima.
Só que tem um problema e quero ilustrá-lo com um exemplo bem conveniente. Na Costa Rica existe uma espécie de lagarta que vive semanas, mas, quando passa pelo processo de metamorfose a borboleta vive só dois dias. Eu quero dizer quem tem ambição pelo poder vive pouco e acaba só. Em Provérbios 16: 18 diz: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”.
Quem passa por este processo de metamorfose depois que se transforma não pode voltar atrás, é um processo irreversível. Quantos homens sucumbiram com suas ambições, ficando sozinho sem absolutamente ninguém ao seu lado? Infelizmente o homem prefere o poder, a ser quem é de verdade e cultivar uma amizade sincera. O poder é um assassino de caráter.
Nesta reflexão encerro com Rubem Alves: “as pessoas mais cheias de boas intenções, quando têm o poder e o dinheiro na mão, esquecem-se delas. Ficam deslumbradas com o poder e passam a pensar só nelas mesmas. O poder e o dinheiro as corrompem” ¹
______________________
¹ Texto de Rubem Alves; Política para Crianças.      

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte IV.

Chegamos a um período de suma importância na hermenêutica bíblica, na reforma vemos um período de novas ênfases para a interpretação, algo que marca este período é que a bíblia é tirada de uma espécie de camisa de força que impunha a exegese medieval, permitindo que a bíblia falasse por si mesma, que acabou sendo a grande responsável pelo desenrolar histórico dos acontecimentos do período. Quero apresentar o papel de dois grandes nomes da reforma sem me reter no processo histórico da Reforma; Lutero e João Calvino.  
I. PAPEL DE LUTERO (1483-1546).
Lutero acreditava que a iluminação do Espírito e fé era indispensável para o interprete da Bíblia, também Lutero sustentava que a interpretação não deveria ser determinada pelo ensino da Igreja, e sim as Escrituras deveriam determinar o que a Igreja ensina. Para o reformador não é a Igreja que esta sobre as Escrituras, e sim sob a Escritura esta a Igreja. Lutero comentando sobre a interpretação medieval disse:
“O que eles [os sofistas] deveriam fazer é vir ao texto vazio, derivar suas idéias da Escritura Sagrada, e então prestar atenção cuidadosa as palavras, comparar o que vem em seguida, e se esforçar para agarrar o sentido autentico de uma passagem em particular, em vez de ler as suas próprias noções nas palavras e passagens da Escritura, que eles geralmente arrancam do seu contexto”   
O reformador rejeita a o sistema alegórico de interpretação usada pelos escolásticos medievais, não aceitava a idéia de que as escrituras tinha quatro sentidos. Lutero julgava que por usar este método os escolásticos “... interpretavam erroneamente quase cada palavra da Escritura... dividem cada passagem em muitos sentidos, e por este motivo, tem um efeito profundo na mente...” (Comentário de Gálatas, 1535).
Lutero na realidade ele nem sempre negou o método alegórico. Ele próprio afirmou: “Quando eu era um jovem, era um perito em alegorizar as Escrituras; hoje o melhor das minhas habilidades se concentra no dar um sentido literal, simples, que elas tem, e do qual procedem poder, vida, conforto e instrução.”¹
O principio exegéticos de Lutero como já podem perceber é o retorno ao método histórico- gramatical, Lutero deu uma nova ênfase, ou melhor, dizendo regatou o valor das Escrituras para a vida da Igreja, um dos lemas da reforma é a “Sola Scriptura” ou somente pela Escritura, “o reformador insistiu no estudo das línguas originais e na interpretação da Bíblia por cânones mais científicos, ressaltando o sentido primário, histórico e gramatical, e só permitindo outros sentidos quando parecia que o próprio texto o reclamava.”²        
II. PAPEL DE JOÃO CALVINO (1509-1564).
“A Escritura interpreta a Escritura” era uma sentença predileta de Calvino, ele é considerado sem nenhum exagero um dos maiores interpretes da bíblia como reformador. Calvino assim como Lutero concordava que é necessária a iluminação espiritual, e considerava a interpretação alegórica como artimanha de Satanás para obscurecer o sentido literal das Escrituras. O reformador construiu uma extensa obra exegética, para ele as escrituras só tinha um único sentido e era esse sentido que deveria ser considerado, esse sentido não era dado pelo interprete mas, dado pelo autor do texto, e o interprete deveria considerar este sentido primordial. Numa famosa sentença ele declarou:
“a primeira tarefa de um interprete é deixar que o autor diga o que ele de fato diz,  em vez de atribuir-lhe o que pesa que ele deva dizer”   
Essa sentença se torna uma lei fundamental na Hermenêutica reformada, valorizando a intenção autoral. Calvino não concordava com alguns pontos de Lutero, mas, ambos seguiam juntos em dar a autonomia que as Escrituras possuíam.
¹“Galatas, 1535.
² Fee, Gordon D., Douglas Stuart, Entendes o que Lês? , Ed. Vida Nova

terça-feira, 19 de abril de 2011

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte III.

Tamás de Aquino
Idade Media (590-1500).
Nesse período o método dos quatro sentidos (a quadriga), prevalecia entre os interpretes da igreja, o método foi considerado mais eficaz por Agustinho, então foi o método que prevaleceu na Idade Media.
Nesse período podemos destacar alguns pontos relevantes para nosso estudo, como por exemplo, o fato de que a interpretação nessa época estava amarrada pela tradição, inclusive foi um período considerado até de pouca erudição, maior parte dos estudantes da bíblia devotava-se a estudar e compilar as obras dos Pais Primitivos. Virkler diz:
“Durante esse período, aceitou-se geralmente o principio de que qualquer interpretação de um texto bíblico devia adaptar-se à tradição e a doutrina da Igreja. A fonte da teologia dogmática não era só a bíblia, mas a Bíblia conforme a tradição da Igreja a interpretava” (Hermenêutica Avançada p. 47).
A bíblia era submetida à tradição eclesiástica nesse período, só a igreja com seu colegiado podiam interpretar a bíblia e o método que prevalecia para sua interpretação era o “alegórico”.
Houve aqueles que ainda consideravam o método Histórico-Gramatical, como, os judeus espanhóis dos séculos XII e XV que incentivaram o retorno a um método de interpretação histórico-gramatical. Os vitorinos da Abadia de São Vitor, em Paris, defendiam a tese de que o significado da Escritura deve encontrar-se em sua exposição literal de preferência à alegórica. Propunham que a exegese desse origem à doutrina ao invés de fazer o significado de um texto coincidir com ensino eclesiástico anterior. Nicolau de Lyra (1270? - 1340?) foi um homem que causou um profundo impacto sobre o retorno à interpretação literal. A obra de Nicolau de Lyra influenciou profundamente a Lutero, e muitos há que crêem que, sem a sua influência, Lutero não teria dado inicio a Reforma.
Também entre as exceções, podemos considerar Tomás de Aquino, que procurava dar primazia ao sentido primário.             

Desenvolvimento da Hermenêutica na Historia; Parte II


João Cisostomo
II. Escola de Antioquia.
Os principais representantes desta escola são; Teodoro de Mopsuéstia, João Crisóstomo e Basílio, o Grande.
A Escola de Antioquia defendia que o texto bíblico contém apenas um único sentido, o sentido original pretendido pelo autor, tal escola utilizava o método Historico-Gramatical de interpretação da Bíblia, enfatizavam o uso do sentido literal e comum das palavras, entendendo que a interpretação literal inclui, obviamente, a abundante linguagem figurada do texto bíblico. O ensino dessa escola era desenvolvido da seguinte forma: a interpretação deve ser a luz do seu contexto e das regras gramaticais, incentivando o conhecimento das línguas bíblicas (grego e hebraico) para uma melhor compreensão do texto bíblico, afirmando que as narrativas históricas devem ser entendidas como fatos históricos reais. Dr. F. F Bruce fez uma comparação do método dos alexandrinos e antioquianos: 
“Os alexandrinos entenderam a inspiração das Escrituras no sentido platônico de declarações feitas num estado de possessão extática. Era natural, por isso, que palavras ditas desse modo tivessem que ser interpretadas misticamente se o seu significado interior era para ser trazido a luz. Teodoro e os antioquianos, pelo contrario, entendiam a inspiração como um impulso divino conferido sobre a consciência e a inteligência do escritor, sendo que a sua individualidade persistia, e que a sua atividade intelectual permanecia sob o seu consciente controle. Por isso, era importante na interpretação dos escritos a consideração dos hábitos, objetivos e métodos de cada autor. O sentido literal tinha primazia, e era dele que deviam ser tiradas lições morais; os sentidos tipológico e alegórico, conquanto não excluídos, eram secundários” ¹   
Para os antioquianos a interpretação do texto, tem que considerar o texto como ele é, de forma que para se entender o conteúdo das escrituras, deveria fazer uma análise léxico-sintatico, literal e contextual. Basílio é o autor de uma das mais vigorosas criticas da exegese alegórica vinda de qualquer teólogo cristão ortodoxo no quarto século. Ele diz:
“Conheço as leis da alegoria, embora menos por mim mesmo do que pelas obras de outros. Há aqueles, verdadeiramente, que não admitem o sentido comum das Escrituras, para quem água não é água, mas qualquer outro produto; que vêem em uma planta ou em um peixe o que sua imaginação deseja; que mudam a natureza dos repteis e das feras para adequá-los às suas alegorias, como os interpretes de sonhos, que explicam as visões do sono para fazê-los servir a seus próprios fins”²
Para os interpretes de Antioquia, o entendimento do texto é literal, só assim poderíamos chegar à intenção do autor. 
III. A Escola Ocidental ou Latina.
Os principais representantes desta escola foram; Tertuliano, Jerônimo, Ambrosio e Agostino. Essa escola pretendia ser uma mistura da hermenêutica alexandrina e antioquiana, defendendo que o texto bíblico contém múltiplos sentidos, basicamente quatro sentidos (a quadriga). Vejamos:
Agostinho
i. O sentido Literal: registra a historia, o que Deus e os personagens bíblicos fizeram (o que aconteceu).
ii. O sentido alegórico: ensina uma doutrina a ser crida, um dogma para fundamentar nosso fé (o que aconteceu).
iii. O sentido Moral ou topológico (do grego trope, que significa “desvio”): mostra um principio moral a ser praticada, uma exortação quanto à conduta, as regras para o dia a dia (o que fazer).
iv. O sentido anagógico (do grego anagein, que significa “fazer subir”): aponta uma promessa a ser cumprido, o alvo da nossa esperança escatológica (o que esperar).
Agostinho foi o maior nome desse método de interpretação, ele admitia o método literal mais, procurava basear sua interpretação, sobretudo no sentido alegórico (a única diferença dessa escola em relação à Alexandria era que seus adeptos procuravam extrair o sentido alegórico a parti do sentido literal, ou seja, primeiro mostravam o sentido literal e logo em seguida partiam para os excessos da alegoria).
____________________________
¹ F.F Bruce, “The History of New Testament Study”, em : I. H Marshall (ed), New Testament Interpretation  (Grand Rapids: Eerdmans, 1977), p. 26.
² Citado por: Prof. Marcio Barros, Apostila de Hermenêutica Bíblica, Natal/ 2009
 
 


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desenvolvimento da hermenêutica na Historia; Parte I.

Imagem de Origenes
Toda ciência teve seu desenvolvimento histórico, inclusive a hermenêutica bíblica. Neste artigo que será desenvolvido em etapas queremos fazer uma síntese da historia da interpretação bíblica que se inicia no período denominado patrística (100-590 A.D) até a contemporaneidade e veremos as mudanças que sofreu a hermenêutica ao longo da historia. Espero que aqueles que amam a bíblia possam se agradar do conteúdo.
O PERIODO PATRISTICO (100 – 590 A.D).
O Período Patrístico é o periodo que sucede á era apostólica, e se estende do ano 100 até o ano de 590 d. C¹. É chamado de “Período Patristico” porque neste tempo os lideres da Igreja, os homens mais influentes e que contribuíram efetivamente para historia da Igreja, são chamados de “Pais da Igreja”. Durante todo o período patristico, a Hermenêutica ficou dividida em três grandes escolas que divergiam entre si quanto ao sentido do texto bíblico e os princípios de interpretação da bíblia: a escola de Alexandria, a escola de Antioquia e escola acidental.      
I. A Escola de Alexandria.
Os principais representantes desta escola são; Orígenes, Clemente de Alexandria, Irineu e Justino. Essa escola defendia que o texto bíblico possuía múltiplos sentidos. Henry Virkler na sua obra “Hermenêutica avançada: princípios e processos de interpretação bíblia Ed. Vida acadêmica” comentando sobre o pensamento de Clemente (150 á 215 a. C) ele diz:
 “Clemente acreditava que as escrituras ocultavam seu verdadeiro significado a fim de que fossemos inquiridores, e também não é bom que todos a entendam. Ele desenvolveu a teoria de que cinco sentidos estão ligadas as Escrituras (histórico, doutrinal, profético, filosófico e místico), com as mais profundas riquezas disponíveis somente aos que entendem os sentidos mais profundos”.²
O interprete para Clemente, tinha que identificar estes cinco sentidos no texto lido, com esses sentidos o interprete conseguiria entender a mensagem do texto, se bem que tal interpretação impunha um sentido fantasioso ao texto, que estava até mesmo além do que o texto estava propondo.
Orígenes (254) foi um notável sucessor de Clemente, sendo o primeiro na historia da igreja a expor uma teoria de interpretação bíblica, incluindo uma teoria hermenêutica completa. Pode-se chamar o seu método de “alegórico”. Sua influência direta se encontra em Filo e no platonismo. Ele entendia que por trás do significado original do texto havia um significado mais profundo, que era o sentido real dada pela inspiração divina. (parece com uma teoria muito conhecida no campo da filosofia) Vejamos um exemplo de interpretação feita por Origines na tabela abaixo do texto de Lucas 10: 30-37:

Texto Literal
Interpretação alegórica
O homem descendo para Jericó
Adão
Jerusalém
O Paraíso
Jericó
O Mundo
Os Ladrões
Os poderes demoníacos.
O sacerdote
A Lei de Moises
O Levita
Os profetas do A.T
O samaritano
Cristo
As feridas
O castigo pela desobediência
O animal
O corpo de Cristo
A hospedaria
A Igreja
Os dois denários
O Pai e o Filho
O hospedeiro
O Cabeça e o Filho
A promessa de retorno do Samaritano
A segunda vinda de Cisto.³


“Sintetizando o método de Orígenes, então, o método consistia em descobrir nas Escrituras três níveis de significado: o primário ou Literal, o psíquico ou moral (sentido escatológico – relaciona-se com a vida religiosa presente), e o intelectual ou espiritual (sentido místico relaciona-se com a vida celestial, a vida futura). Para ele este ultimo era o mais condizente com a inspiração divina.”
Como podemos ver a escola de Alexandria tem como principio de interpretação o método chamado Alegórico. Então resumindo, o que é este método? É o método que tem como pressuposto a idéia de um sentido mais profundo e oculto no texto, e o interprete deve encontrar esse sentido o dando prioridade.
Veremos a Escola de Antioquia e a escola Ocidental na próxima postagem.
_________________________________
¹ Alguns arredondam para 600 d. C.
² Virkler, Henry A., Hermenêutica avançada: princípios e processo de interpretação bíblica – São Paulo : Ed. Vida, 2007.
³ Citado por Hall, p. 139.  



terça-feira, 12 de abril de 2011

Nietzsche o profeta da “pós-modernidade”.

A Nietzsche é atribuída à frase “Deus está morto”, essa frase é interpretada como uma manifestação de seu ateísmo. Atribuem ao filosofo a idéia de “assassino de Deus”, mas será que ele estava nesta frase se referindo realmente a um ateísmo?
A morte de Deus é anunciada pela primeira vez na sua obra “A Gaia da Ciência” (1882) no aforismo 125:
“O homem louco- ‘Não ouvistes falar daquele homem louco que, em plena manhã clara, acendeu o candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: Estou procurando Deus! Então como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou ele então grande gargalhada (...). O homem louco saltou em meio a eles e disse: nós o matamos, vós e eu! (...) Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! A grandeza desse feito não é demasiadamente grande para nós? Não teríamos que nos tronar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos dele? ’”
A primeira coisa que devemos perceber neste texto é quem falou que Deus estava morto. Não foi Nietzsche, mas o “homem louco”, alguém que não está preso a razão a metafísica aos valores morais, este homem lança diferentes olhares sobre a vida, não estando interessado em encontrar uma “verdade” que o guie, ele é um homem louco.
No contexto da época, século XVIII em transição para o século XIX, a morte de Deus, é uma visão desta época, época de ruptura da teologia com o homem moderno. “Deus está morto” é uma “imagem” nietzschiana do homem moderno que passa a negar os valores cristãos, isto é, retira Deus do trono e coloca no lugar o homem – racional.
O homem louco percebeu que a ciência moderna, a revolução cientifica, os ideais renascentistas e iluministas, o pensamento racional de Descartes, Kent e muitos outros, tinham destronado Deus na medida em que os homens deixaram cada vez menos de explicações teológicas para se apoiarem na racionalidade divinizada. Com isso Deus foi morrendo na mente dos homens, e a razão tomou o lugar de Deus, a Razão é Deus. As pessoas por mais religiosas que fossem passaram a ir menos a Igreja, e muitos outros efeitos sociais foram causados pela divinização da razão, a idade moderna então, é interpretada pelo filosofo como a queda de Deus. Posso dizer que Nietzsche é um profeta, pois este mesmo acontecimento ocorre agora com a razão, na pós-modernidade, a transição do século XIX para o XX, é visto como uma desconfiança a razão. A modernidade pode ser entendida como um mundo perfeito regido pela razão, só que as sucessivas guerras desacreditaram o sonho da modernidade. Nietzsche aparece apontando para esse homem, que vive “além do bem e do mal”
O filosofo profetiza que nossa época é marcada pelo “nada”. Nada de Deus, nada de razão, o nada e o vazio, é este homem niilista passivo que Nietzsche aponta. O homem atual pouco se interessa pelo conhecimento enquanto busca de sentido e superação num fazer-desfazer. O homem atual busca o “conhecimento receituário”, o homem atual, um liberal que só se preocupa em acumulo de riquezas, e é um homem que é caracterizado pelo que consome.
Enfim o filosofo profetizou sobre a morte, a morte de Deus, para o reinado da divina razão onde os valores cristãos, são abolidos pela racionalidade humana, criadora de novos valores, mas que morre como previsto pelo filosofo com o advento da “pós-modernidade”. E agora o que ira morrer?
    
   

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dr. Augustus Nicodemus falando sobre a pregação expositiva.

Um sermão que alimenta o rebanho de Deus.

A respeito de minha doutrina, ensinei fielmente, e Deus me deu a graça de escrever. Fiz isso do modo mais fiel possível e nunca corrompi uma só passagem das Escrituras, nem conscientemente as distorci. Quando fui tentado a requintes, resisti à tentação e sempre estudei a simplicidade. Nunca escrevi nada com ódio de alguém, mas sempre coloquei fielmente diante de mim o que julguei ser a gloria de Deus” (João Calvino).[1]
Um mês antes de morrer, em 28 de abril de 1564, Calvino convoca os ministros de Genebra e proferi estas palavras. João Calvino sem duvida foi um dos maiores expositores das Escrituras de todos os tempos. Muitos podem discordar de mim, com está afirmação, mas antes de discordar eu recomendo ler alguns autores que citam Calvino, como também ler alguns comentários de sua autoria, ai sim depois de obter conhecimento sobre a pregação de Calvino, pode criticar.
O motivo de usar Calvino como exemplo, é por que ele tinha uma preocupação sem igual em alimentar o rebanho de Deus (a Igreja), com uma mensagem sadia e que alimentasse a Igreja, coisa que nos dias em que vivemos, com muitos “pregadores” por ai, se tornou algo instinto, nestes últimos dias tenho me indignado com tanta falta de respeito com as Escrituras, nos nossos púlpitos. Neste artigo quero desenvolver alguns argumentos sobre a pregação dos últimos dias.
1. Autoridade provem das escrituras: A doutrina da inspiração das Escrituras segundo o Dr. Hermisten Maia P. da Costa [2] é definida da seguinte forma: “(...) a influência sobrenatural do Espírito de Deus sobre os homens separados por ele mesmo, a fim de registrarem de forma inerrante e suficiente toda a vontade de Deus, constituindo esse registro na única fonte e norma de todo o conhecimento cristão”. Acredito que a consciência do pregador deve estar bem influenciada por esse conceito, ou bem fundamentada sobre a inspiração do texto da sua pregação, o que eu quero dizer é que o pregador deve respeitar o texto inspirado, primeiro sabendo que não é a palavra de Paulo, de Pedro ou de qualquer outro que escreveu, mas é um texto escrito por um homem de Deus, e que o texto reivindica para si autoridade de Deus. O pregador não possui nenhuma autoridade sobre o texto, a autoridade do pregador é dada pelo próprio texto. O que percebo hoje é que muitos pregadores se acham com autoridade, porque abrem a bíblia, lêem uma porção da Bíblia, e começa a dar bronca no povo, como se estivesse causando um impacto tremendo, quando na realidade ele mesmo não foi impactado. Isso é sem duvida é a pior das realidades, na pregação atual. O pregador tem que ter consciência de que o texto que ele está lendo é a Palavra de Deus, cuja qual não se brinca, o povo só recebera aquilo que está sendo transmitido, quando está autoridade está sendo aplicada na vida do pregador.
2. O respeito ao texto: Um grande erro de muitos pregadores é a falta de respeito ao texto. A bíblia foi escrita em um tempo diferente, uma língua diferente, um motivo especifico e um contexto diferente do nosso. Muitos pregadores são muito incoerentes com o sentido real do texto, não o respeitando, por exemplo, recentemente ouvi uma pregação que falava “autoridade espiritual” com base no texto de Numeros 16, no decorrer da mensagem o pregador estava falando sobre a rebeldia, e qual deveria ser a reação da Igreja com relação a aquele individuo rebelde, pois bem; foi apresentado que a Igreja não deveria aceitar suas idéias, e de certa forma rejeitá-lo, para que sua idéia não se proliferassem no seio da Igreja, foi usado vários textos para fundamentar a doutrina, só que os textos foram usados de forma aleatória sem respeitar o contexto que ele estava inserido, um dos textos que foram usados foi 2 Ts 3: 6, mas pêra ai esse texto fala de rebeldia? Ele pode até falar, mas não para o exemplo de Numeros 16. Paulo está advertindo aqui a irmãos que estavam vivendo uma vida de ociosidade, e queria viver a custa dos irmãos que trabalhavam, Paulo ele trata desse problema na primeira carta, mas parece que a coisa ficou pior (1Ts 4: 11, 12; 5: 14), então Paulo pede aos irmãos que cortem relação com esses irmãos que se entregaram a vida de ócio, Paulo ele mesmo dava exemplo de trabalhar para ganhar a vida (2Ts 3: 7-9). Muitos pregadores usam textos para fundamentar sua doutrina só porque o texto possui a palavra chave, isso acaba ferindo o contexto antecedente e o precedente.
3. Respeitando a autoria: Esse eu acredito que é o erro mais comum, e o mais triste. Muitos pregadores tomam para si o texto insere nele sua ideologia ou faz uma eixegese, corrompendo a idéia real do autor ou o “TELOS” do texto (essa palavra significa “propósito”). O autor quando escreveu o texto ele tinha um propósito em mente, pois bem para muitos pregadores, esse propósito não existe, é muito comum ver a falta de respeito ao texto da Palavra de Deus, em muitas pregações. Calvino havia dito certa vez o seguinte: “Visto que revelar a mente do autor é a única tarefa do interprete, ele erra o alvo ou, pelo menos, desvia-se de seus limites quando afasta seus leitores do propósito do autor...”. Uma pregação sem o entendimento da “intenção autoral” é uma pregação humanista, de caráter PESSOAL, com total segundas intenções. O pregador deve lembrar sempre que ele só está ali para divulgar a Palavra de Deus, fora isso, é só falácias.
Acredito que possa existir mais pontos que deve ser apresentado neste artigo, como; a hermenêutica, a postura e muitos outros pontos, mas acredito que estes pontos já falam tudo. Para mim uma pregação que alimenta, é uma boa e vela pregação expositiva, tal pregação expõe o texto ponto por ponto, e está sempre preocupada em dizer o que o texto quer falar, desprovida das aplicações pessoais do pregador, não que eu esteja dizendo que a pregação não deve ter aplicação, deve ter sim, sem a qual não é pregação, agora, a aplicação é coordenada pelo próprio texto. Eu não quero sair da Igreja com as idéias de fulano ou beltrano, mas sim com a Palavra tratando minha alma.
_____________________________
[1] Ferreira, Franklin, João Calvino e a Pregação das Escrituras, mensagem proferira na 8° Conferencia Fiel para pastores e Lideres em Portugal, em outubro de 2008
[2] Costa, Hermisten Maia Pereira da, A inspiração e Inerrância das Escrituras, Ed Cultura Cristã.                    

         

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Totemismo; a mais antiga manifestação religiosa da humanidade.

As Socidades totemicas escupiam seus totens.
Para os estudiosos da Religião o totemismo é das mais antigas manifestações religiosas da humanidade. Mas o que é isso; totemismo? O totemismo baseia-se na crença da existência de uma relação próxima, como parentesco, entre determinado grupo de pessoas, denominado clãs, e objeto naturais sagrados como animais e plantas, chamados de totens, em outras palavras é uma ligação mística do homem com seres da natureza. O termo totem deriva da palavra indígena OTOTEMAN, do idioma dos índios algonquinos, do leste dos Estados Unidos.
O totem é um símbolo do grupo, um verdadeiro brasão que identifica aquela comunidade, inclusive é muito comum que os membros de um clã procurem adotar a aparência do seu totem.
Um conceito fundamental no totemismo é o MANA que o missionário inglês Codrington, o primeiro homem a estudar essa idéia na Melanésia, define como:
“Uma força, uma influência de ordem imaterial e, em certo sentido sobrenatural; mas é pela força física que ela se revela ou então por toda espécie de poder e de superioridade que o homem possui.”
O totemismo é rico em cultos e rituais, que podem ser divididos em quatro tipos:
1. Cultos Negativos - são as cerimônias que visam concentrar sobre uma única pessoa um completo sistema de proibição;
2. Cultos Positivos – são as festas e celebrações;
3. Cultos representativos – formas de relembrar as origens, evocando épocas longínquas;
4. Ritos expiatórios – festas tristes que tinham por objetivo enfrentar uma catástrofe; recordá-la ou deplorá-la.
____________________________
Biobliografia:
DurKheim, Emile. As formas Elementares da vida Religiosa: o Sistema Totêmico na Austrália, (1989), Ed. Paulus  

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Druidismo.


Imagem de um druida

Filósofos, Poetas, Sacerdotes, Legisladores, Conselheiros, Historiadores e Magos. Estas são algumas das palavras usadas pelos escritores clássicos como Polibio, Plínio, o Velho, Tito Livio, e Estrabão, que travaram contato com os druidas e as druidesas da Grã-Bretanha da Gália (atual França) e da Irlanda.
Quero então falar mais um pouco dessa apaixonante cultura, a cultura celta, sobre um dos aspectos que eu particularmente considero o mais fascinaste, porque quase não se tem nada escrito sobre, a não serem os relatos dos historiadores que tiveram contato e os achados arqueológicos, tornando assim este estudo um verdadeiro quebra-cabeça. O que falo é da pratica religiosa denominada druidismo. Segundo especialistas em historia das Religiões, druidismo é uma religião xamanica e totêmica, entre outros princípios, reverencia a natureza como sendo sagrada. O druidismo é uma religião politeísta, tribal, pagã e exclusivamente celta.
O druidismo era considerado a unidade polica-religiosa da cultura celta, portanto, os druidas cultuavam somente deuses celtas. Como relata a Dr. Miranda Green e tantos outros historiadores e arqueólogos.
“As fontes de pesquisa sobre o druidismo são praticamente as mesmas dos celtas, com um pouco mais de restrição, pois não encontramos em todas as sociedades celtas, ou seja, somente em textos medievais, de origem por vezes meramente mitológica, com dados da arqueologia e relatos romanos. Por isto, muitos da historia dos druidas até hoje é um grande mistério para os historiadores oficiais; sabe-se que realmente existiram entre os povos celtas, mas que não nasceram nesta civilização” (O mundo dos druidas - Dr. Miranda J. Green  - Ed. Thomas Hudson 1997)
Segundo Rowera Arnehoy Seneween, pesquisadora da cultura celta e do Druidismo, “há muita especulação sobre o que é e o que não é celta”. Sabemos que os celtas não deixarão nenhum registro da sua historia, apenas relatos baseados na visão de seus inimigos romanos, militares e historiadores, e, posteriormente, monges da Idade Media, além de achados arqueológicos, que nos ensinam muito sobre a cultura celta e não dão uma leve noção sobre as praticas religiosas dos druidas.
O que se sabe é que os druidas formavam uma elite na sociedade celta, onde ocupavam os cargos de sacerdotes, bardo, magistrado, mago, medico, juízes e diplomatas, tentando, sempre que possível, construir novas alianças,  constituir e cultivar a paz entre os reinos celtas.
Podemos encarar os sacerdotes no druidismo como um agente equilibrador com a responsabilidade de curar a tribo, assim como, curar a si mesmo e o próprio planeta. A arte da cura sempre foi muito evidente nas praticas druidicas, bem como em todas as praticas de caráter xamanico, que cultivam ações semelhantes.
_______________________________
Para um maior aprofundamento do assunto acesse: WWW.templodeavalon.com.br